Sabemos que a procura do primeiro desafio profissional é uma experiência entusiasmante, mas também intimidadora. Se estás a passar por isto, provavelmente já te perguntaste: “o que posso colocar no meu currículo, se nunca trabalhei?”.
A boa notícia é que o currículo para o primeiro emprego não precisa de muita experiência, apenas de uma boa estrutura. Com o modelo, a linguagem e os exemplos certos (mesmo que venham de projetos escolares, voluntariado ou ações formativas), conseguirás destacar-te com sucesso.
Para te orientar nesta tarefa, ao longo deste artigo, vamos explicar-te como:
- criar um currículo para o primeiro emprego, que destaque o teu potencial e seja legível para recrutadores e ATS (“Applicant Tracking System”);
- saber que informações incluir, mesmo sem experiência profissional;
- escolher o modelo de currículo ideal e que ferramentas podes usar para o desenvolveres.
Currículo para o primeiro emprego: 9 dicas para te destacares
Um primeiro currículo bem estruturado pode transformar a tua falta de experiência numa vantagem competitiva. O segredo é evidenciar como as tuas experiências anteriores te permitiram desenvolver habilidades valiosas.
Os recrutadores e os sistemas de triagem (ATS) não procuram apenas anos de experiência. Na verdade, estes querem perceber se tens capacidade de aprender, vontade de evoluir e que competências transversais possuis (como, por exemplo, comunicação, capacidade de organização e domínio de várias ferramentas digitais).
Por isso, antes de construíres o teu primeiro currículo, lembra-te de três conselhos-chave:
- é mais importante ser claro e objetivo do que tentar encher o documento com informação irrelevante;
- uma página de currículo bem organizada vale mais do que duas com excesso de detalhes;
- personalizar a informação a cada vaga mostra maturidade e aumenta muito as hipóteses de seres chamado para uma futura entrevista.
Tendo estas orientações iniciais em mente, vamos colocar mãos à obra e ajudar-te a criar um currículo para o primeiro emprego simples, moderno e eficaz.
1. Opta por um modelo claro
O currículo para o primeiro emprego deve ser fácil de ler e de interpretar por sistemas ATS, usados cada vez mais pelas empresas na triagem inicial.
Estes “softwares” inteligentes recebem e filtram automaticamente centenas de candidaturas. Em vez de um humano, é este sistema que faz a primeira seleção dos candidatos, procurando por palavras-chave específicas e eliminando currículos mal formatados.
Por isso, apresenta-te usando uma estrutura simples e clara:
- mantém o currículo em texto corrido, sem tabelas, colunas ou símbolos desnecessários;
- usa títulos convencionais para cada secção (Formação Académica, Experiência Profissional, Competências, etc.);
- escolhe fontes fáceis de ler, como “Arial” ou “Calibri”, num tamanho entre 10 a 12;
- organiza tudo em ordem cronológica inversa, começando sempre pelas experiências mais recentes;
- se possível, exporta o documento no formato “.docx” (é muitas vezes mais seguro para ATS). O formato “PDF” é aceitável, quando a candidatura é enviada diretamente para um “e-mail” e queres manter a formatação e o “design” salvaguardados.
2. Mantém os dados pessoais destacados
No topo do teu currículo para o primeiro emprego, garante que o recrutador encontra de imediato os teus contactos principais. O objetivo é transmitir profissionalismo e facilitar que te chamem para uma entrevista de emprego. Inclui apenas o que realmente importa:
- o nome completo;
- o contacto móvel;
- o “e-mail” profissional (evita endereços eletrónicos pouco sérios);
- a localidade (basta cidade ou distrito; não é necessário a morada completa);
- o “link” do perfil do “LinkedIn” ou portefólio académico (caso tenhas), se quiseres destacar projetos escolares/universitários.
3. Escreve um resumo profissional curto e impactante
O resumo/objetivo do teu primeiro currículo deve mostrar ao recrutador quem és, o que procuras e o que podes oferecer, mesmo sem teres um histórico vasto de experiências de trabalho.
Deves evitar frases vagas como “procuro emprego na minha área”. Sabes qual a regra de ouro? Focares-te na tua motivação. Por exemplo:
“Recém-formado em Gestão de Projetos, com conhecimentos em planeamento estratégico, metodologias ágeis e coordenação de equipas. Pretendo aplicar as competências adquiridas em projetos que exijam organização, foco em resultados e trabalho em equipa.”
Dica extra: adapta sempre o resumo profissional à vaga a que te candidatas.
4. Dá destaque à tua formação académica
Quando estás a candidatar-te ao primeiro emprego, a tua formação académica é provavelmente o ponto mais forte do currículo. É aqui que mostras não só o que aprendeste, mas também como já aplicaste os conhecimentos adquiridos em projetos, trabalhos ou atividades extracurriculares.
Eis como podes organizar esta secção:
- coloca sempre os estudos mais recentes primeiro (licenciatura, curso técnico ou profissional);
- indica o nome do curso, a instituição de ensino e os anos de frequência/conclusão;
- destaca projetos académicos, trabalhos de grupo ou relatórios finais que estejam relacionados com a área da vaga;
- refere as atividades extracurriculares em que tiveste envolvido (os clubes, as associações, as competições académicas, as conferências, etc.). Estes exemplos ajudam a demonstrar a tua proatividade.
Exemplo prático:
“Curso Técnico de Auxiliar de Farmácia (2022-2024), Talento – Formação
- Estágio curricular de três meses na “Farmácia Saúde+”, com apoio no atendimento ao público e organização de inventário;
- Projeto final: “Plano de boas práticas para o correto armazenamento de medicamentos termossensíveis”;
- Participação em “workshops” de atendimento ao público e aconselhamento farmacêutico.”
Lembra-te: a falta de experiência não significa falta de valor. Com a abordagem certa, consegues ir melhorando o teu currículo, enquanto transmites credibilidade perante os recrutadores.
5. Refere as experiências de voluntariado
Se ainda não tens experiência profissional formal, destaca as atividades que demonstrem as competências transversais que adquiriste. Podem ser trabalhos informais, ações de voluntariado ou até projetos pessoais.
Segundo o “World Economic Forum”, as experiências que ajudaram a desenvolver “soft skills”, como liderança, comunicação e adaptabilidade, são altamente valorizadas pelas empresas, especialmente em candidatos sem histórico profissional prévio.
Exemplos que podes explorar no teu currículo:
- “voluntariado em organização de eventos solidários – onde desenvolvi competências em organização, trabalho em equipa e comunicação”;
- “participação na associação de estudantes – na qual fortaleci a capacidade de liderança, a gestão de tempo e o sentido de responsabilidade”;
- “treinador de uma equipa desportiva juvenil – que me ajudou a desenvolver a disciplina, a motivação e a coordenação em grupo”.grupo”.
Dica: no currículo, coloca primeiro o tipo de experiência, seguido da atividade concreta e das competências adquiridas. Por exemplo:
“Voluntário na Organização Não Governamental (ONG) X – 2022-2025
- Organização de eventos solidários, com foco em trabalho em equipa e comunicação organizacional.”
6. Apresenta as tuas competências de forma clara
Um dos pontos mais fortes de um currículo sem experiência é a lista de competências. Divide-as entre “hard skills” (técnicas) e “soft skills” (interpessoais).
Exemplos de “hard skills”: Excel; PowerPoint; gestão de redes sociais; Photoshop;
Exemplos de “soft skills”: comunicação assertiva; trabalho em equipa; pensamento crítico; criatividade.
Sempre que possível, tenta associar a competência a um exemplo concreto, como:
- Comunicação: apresentei um trabalho final para uma turma de 40 pessoas, explicando conceitos complexos de forma clara e envolvente;
- Organização: coordenei a logística de um torneio escolar com cerca de 100 participantes, garantindo que todas as atividades decorressem sem problemas.
7. Inclui conhecimentos técnicos relevantes
Mesmo que nunca tenhas trabalhado, deves mencionar as bases técnicas adquiridas noutros contextos, no teu currículo. Afinal de contas, as empresas valorizam muito os candidatos que saibam lidar com várias ferramentas digitais, ou que dominem línguas estrangeiras.
Dica extra: sempre que possível, inclui projetos concretos ou exemplos contextuais da aplicação das competências que destacares, assim como nível de especialização. Vejamos alguns exemplos:
Informática
- “Processamento de texto; folhas de cálculo; apresentações digitais; gestão de repositórios de informação online – nível intermédio (ferramentas usadas em trabalhos escolares e projetos académicos).”
Ferramentas digitais e de colaboração
- “Criação de conteúdos visuais e organização de tarefas – nível básico a intermédio (competências adquiridas em projetos de voluntariado e trabalhos de grupo).”
Línguas estrangeiras
- “Inglês (B2) – nível intermédio (utilização recorrente em relatórios académicos e apresentações escolares);”
- “Espanhol (A2) – nível básico (aprendizagem em curso).”
8. Revê o currículo antes de o enviares
Depois de teres todas as informações devidamente organizadas, deves rever tudo o que escreveste. Um erro ortográfico ou gramatical pode arruinar a tua candidatura, podendo passar a imagem de falta de cuidado.
Por isso, recomendamos-te que adotes as seguintes boas práticas:
- utiliza corretores de ortografia automáticos (como o “Language Tool”);
- lê o documento em voz alta, para detetares frases mal construídas;
- pede a um colega, professor ou mentor que reveja o teu primeiro currículo.
9. Mantém o currículo breve e objetivo
Para o primeiro emprego, uma página de resumo profissional é suficiente. Os recrutadores preferem documentos curtos e focados, em vez de longas listas de informação irrelevante. Assim sendo, adota a seguinte estrutura:
- dados pessoais e contactos;
- objetivo/resumo profissional;
- formação académica;
- experiências extracurriculares/voluntariado;
- competências (técnicas e interpessoais);
- cursos ou certificações complementares.
Bónus: personaliza sempre o currículo para cada oferta de trabalho, inserindo palavras-chave retiradas do anúncio da vaga. Isto aumenta as tuas hipóteses de passar pelos sistemas ATS e de captar a atenção dos recrutadores.
Ferramentas gratuitas para criares o currículo para o primeiro emprego
Criar um currículo para o primeiro emprego pode parecer complexo, especialmente se queres que fique profissional e atrativo, mesmo sem experiência profissional relevante.
Se precisares de ajuda, existem várias ferramentas gratuitas que tornam este processo mais simples, guiando-te na estrutura, no “design” e até na redação do próprio conteúdo. Deixamos-te alguns exemplos que podes explorar:
- “Canva”, onde encontras vários modelos personalizáveis;
- “Zety”, que te dá sugestões de conteúdo “online”;
- “VisualCV”, plataforma que permite criar modelos simples e profissionais, em pouco tempo;
- “Novoresume”, ferramenta gratuita com exemplos “ATS-friendly”.
Mostra o teu potencial e investe na tua formação
Criar o currículo para o primeiro emprego pode parecer um desafio, mas não te deixes enganar: o teu valor não está apenas nas experiências profissionais que já tiveste, mas na forma como destacas a tua determinação para aprender e crescer.
Cada candidatura é uma oportunidade de contares a tua história, evidenciares as tuas competências e mostrares que estás pronto para assumir novos desafios.
Mantém o teu currículo claro, objetivo e adaptado a cada vaga. Destaca sempre a tua formação profissional e conquistas académicas, porque estas podem ajudar-te na diferenciação.
Na Talento, sabemos que o teu potencial é o teu maior trunfo. Investe na formação contínua, valoriza cada conquista e dá o primeiro passo rumo à tua carreira de sonho — a nossa equipa está deste lado para te orientar.